10/12/2025 15:49:00, atualizado 10/12/2025 15:50
Furto de cabos de iluminação pública ultrapassa 86 km no DF
Os furtos de cabos de iluminação pública no Distrito Federal já superaram 86 quilômetros ao longo de 2025. Para se ter uma ideia, a extensão seria suficiente para ligar Santa Maria a Formosa. A marca, que também equivale a mais de 800 campos do Estádio Mané Garrincha enfileirados, acende um alerta sobre os impactos do crime na qualidade de vida, na mobilidade e na infraestrutura da capital federal.
As ações criminosas acontecem em qualquer horário e alcançam vias movimentadas, áreas residenciais e até locais de relevância simbólica e turística. Cada ataque exige que a CEB Iluminação Pública e Serviços (CEB IPes) substitua os fios furtados, muitas vezes acompanhados da reconstrução completa de trechos da rede, troca de luminárias danificadas e reestruturação de circuitos. O esforço eleva custos, retarda outros serviços de manutenção e aumenta a vulnerabilidade de regiões já afetadas.
A Asa Norte, especialmente nas quadras 700, segue como o principal alvo dos criminosos. Para tentar conter o avanço dos furtos, a CEB IPes contratou uma empresa especializada para reforçar com solda as janelas de inspeção que dão acesso à fiação subterrânea, dificultando a abertura clandestina. Enquanto isso, as equipes regulares continuam com as manutenções de rotina. Outras iniciativas foram aplicadas, como a substituição de postes por braços instalados na rede elétrica e a troca de cabos de cobre por alumínio, menos atrativo para receptadores.
Mesmo assim, os casos continuam. A Catedral Metropolitana de Brasília, um dos principais cartões-postais da cidade, foi alvo de vandalismo mesmo com toda a fiação em alumínio. Refletores foram arrancados e jogados no espelho d’água que circunda o monumento. A ofensiva criminosa também alcança áreas da Esplanada. Nesta semana, equipes estão reconstruindo o circuito que ilumina o entorno do Museu Nacional, após o furto de mais de 500 metros de cabos subterrâneos.
No DF, apenas com iluminação pública, o impacto financeiro já ultrapassa R$ 1,6 milhão. O desafio é agravado pelo fato de Brasília ter uma das maiores redes subterrâneas de iluminação do país, um diferencial urbanístico que preserva o visual da cidade, mas facilita o acesso clandestino à fiação e torna o reparo mais demorado.
Aumento da punição
O agravamento do problema levou o governo federal a sancionar a Lei nº 15.181/2025, que endurece as penas para furto, roubo e receptação de cabos elétricos. As punições agora variam de 2 a 8 anos de prisão para furto qualificado, de 6 a 12 anos para roubo e podem chegar a 16 anos em casos de receptação qualificada.
A Polícia Civil do DF conduz as investigações e já identificou ao menos uma quadrilha especializada, divulgando imagens dos suspeitos. As denúncias são fundamentais para combater o crime: situações suspeitas podem ser comunicadas pelo telefone 190, e informações que auxiliem na apuração podem ser repassadas anonimamente pelo 197. É importante ressaltar que o registro de boletins de ocorrência é essencial para mapear as áreas afetadas e direcionar as operações.